Capítulo 4

Nathan Keen

Eu estava disposto a fazer Valentina pagar por cada segundo da afronta que cometeu contra mim. Aquela bofetada não foi apenas um gesto impulsivo — foi uma humilhação. E humilhações, comigo, nunca passam impunes.

Como eu jamais encostaria a mão em uma mulher, encontrei outra forma de puni-la: tarefas, ordens, trabalho exaustivo, tudo o que estivesse ao meu alcance dentro do limite profissional… mesmo que isso significasse empurrá-la para funções que não pertenciam a ela. Era a única maneira de colocar essa selvagem em seu devido lugar.

E funcionou.

Ela anda fugindo de mim pelos corredores como se eu fosse algum tipo de fera prestes a atacá-la.

Bom.

Que tenha medo.

Desde quando uma simples funcionária acha que pode levantar a mão pro dono da empresa? O tapa dela ecoa na minha mente como um incêndio que não se apaga. Eu poderia tê-la demitido naquele exato momento, e teria dormido tranquilo. Mas não pude. Meu pai, com toda sua mania de benevolência, se meteu.

— “Ajude essa moça, Nathan. Ela não tem ninguém. Não tem onde ficar. Seja mais humano.” —

Humano.

Essa palavra sempre soa estranha quando meu pai a direciona a mim, como se estivesse tentando moldar um sentimento que eu não tenho. Não daquele jeito.

Ainda assim, por algum motivo que eu ainda não descobri, obedeci.

E agora a pequena selvagem está aqui… viva, empregada, respirando o mesmo ar que eu… e me tirando do sério como nenhuma mulher jamais conseguiu.

Odiar alguém tanto assim é quase entretenimento.

Ela me encara como se fosse me atacar de novo. E, sinceramente, às vezes eu acho que atacaria mesmo. Há algo nela… um fogo bruto, indomado, que irrita e intriga ao mesmo tempo. Talvez seja isso que me faça pensar nela tempo demais.

Mas eu não vou admitir isso.

Quase não saio da minha sala desde aquele dia. Parte porque detesto cruzar com ela, e parte porque sei que, se eu a vir de novo sem estar preparado… talvez eu a provoque só para ver o que acontece. Ela me instiga. Ela desafia. Ela morde.

E eu não deveria achar isso interessante.

Desvio desse pensamento. Melhor focar em algo que realmente me distraia: as modelos. Lindas, sensuais, profissionais, sempre prontas para arrancar um sorriso — ou algo mais — de mim. Mas mesmo com elas, ultimamente… tudo parece insosso.

Talvez porque nenhuma delas me b**e no rosto.

Droga.

Preciso esquecer isso.

É fim de expediente, e como sempre, eu sou o último a sair da Model. Os corredores já estão vazios e silenciosos, e é exatamente assim que gosto: minha empresa completamente sob meu controle, quieta, organizada, obediente. Ao contrário de certas funcionárias.

Pego minhas chaves e decido sair. Meus amigos, esses ingratos, desistiram de sair hoje. Queriam “descansar”. Precisam mesmo — porque amanhã vamos para a boate onde sempre fazemos estragos.

Na verdade, eu poderia ligar para alguma mulher agora. Tenho uma lista inteira de contatos. Mas nenhuma delas me anima.

Talvez um bar resolva meu humor.

E resolve.

O cheiro de madeira, bebida cara e gente bonita no bar é reconfortante. Peço um uísque. Dose forte. Sento-me sozinho — mas não por muito tempo.

— Olá. — diz uma voz feminina.

Levanto o olhar e reconheço aquela mulher. Morena, belíssima, com uma postura elegante que denuncia dinheiro. Já a vi aqui várias vezes, sempre acompanhada apenas do próprio copo.

Curioso.

Por que uma mulher tão bonita nunca está com ninguém?

— Sente-se comigo. — digo, porque a noite é longa e meu humor, não tão bom.

Ela hesita por alguns segundos, mas acaba aceitando. Como sempre acontece. Meu olhar faz isso com as mulheres — elas cedem.

Conversamos pouco, mas o suficiente. Ela se chama Bianca, executiva, independente, acostumada a mandar tanto quanto eu. Gosto disso: mulheres que sabem o que querem… e o que querem naquele momento é exatamente o que eu quero.

— Vamos para outro lugar? — proponho, sem rodeios.

Ela não se faz de difícil:

— Hotel. Não levo homens para minha casa.

Perfeita.

No elevador, mal esperamos as portas fecharem antes que minha boca encontre a dela. O beijo é quente, urgente, viciante. O tipo de beijo que apaga qualquer pensamento irritante da cabeça.

Principalmente pensamentos sobre t***s.

No quarto, tudo é rápido.

Roupas no chão.

Mãos explorando.

Vontades se misturando.

Bianca é quente.

Muito quente.

E eu…

eu sou um incêndio quando quero.

A deito na cama, beijo sua pele até ouvir o som que eu quero. Ela geme alto — alto demais. Gosto disso. Muito. Ela chega ao êxtase na minha boca, e isso me deixa ainda mais duro, faminto, desesperado por mais.

Coloco o preservativo.

Entro nela.

Forte.

Fundo.

Bianca arqueia o corpo e geme meu nome. Isso sempre me inflama. Gozamos juntos, suados, ofegantes. Eu troco o preservativo, e ela não diz não quando viro seu corpo. A penetro de novo, agora de uma forma que poucas mulheres aceitam — e que ela aceita com um prazer que ecoa pelo quarto inteiro.

Fazemos amor até cada músculo doer. Até o cansaço nos vencer. Até ser impossível distinguir nossos corpos.

Eu precisava disso.

Volto para casa mais leve, mais calmo… mas não completamente. Porque basta deitar na cama, pegar o celular e desligar o cérebro por alguns instantes, para que a imagem volte.

A mão dela levantando.

O tapa estalando.

O cheiro doce misturado ao ódio nos olhos verdes.

A respiração dela presa entre os dentes.

A fúria.

O fogo.

Droga.

Por que isso me persegue tanto?

Elevo o braço por trás da cabeça, fixando o olhar no teto. Isso não é normal. Eu nunca pensei tanto em uma funcionária. Nunca odiei — nem notei — alguém dessa forma. Não faz sentido.

A menos que…

Não.

Não vou seguir esse pensamento.

Ela é só uma funcionária.

Uma funcionária insolente, despreparada, desobediente… mas ainda assim, só uma funcionária.

E se meu pai está certo…

Não.

Ele não está.

Valentina não é uma coitadinha. Não importa o que ele ache.

Ela se faz de forte demais para isso.

Mas…

por que ela não tem onde morar?

Por que estava tão desesperada quando chegou?

Por que sempre parece assustada quando pensa que vou demiti-la?

Eu deveria investigar.

Saber quem ela é de verdade.

Talvez haja algo escondido ali. Alguma mentira. Algum passado sujo que me dê motivo para colocá-la para fora.

Eu só preciso encontrar esse motivo.

E vou.

Porque uma coisa é certa:

Vou descobrir tudo sobre Valentina.

Quem ela realmente é.

De onde veio.

O que esconde.

E por que… por que exatamente esse fogo dela me irrita e me atrai ao mesmo tempo.

Mas por enquanto…

por enquanto ela continua sendo Valentina, 25 anos, a funcionária insuportável que teve coragem de erguer a mão para mim.

E que um dia vai se ajoelhar para pedir perdão.

Eu vou garantir isso.

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