Elizabeth Soares morava numa casa modesta, com paredes de cal branca já desgastadas pelo tempo. O jardim na frente era simples, mas cuidadosamente podado — margaridas, lavandas e uma pitangueira carregada. A casa exalava cheiro de terra molhada e folhas secas, como se o tempo ali passasse devagar.
Dentro, Elizabeth lia um romance com a capa gasta, os óculos pendendo na ponta do nariz. Uma xícara de chá esfriava ao lado. Quando o interfone tocou, ela levou alguns segundos para reagir.
— Dona Elizabeth, tem um casal aqui… disseram que é importante — disse a voz do porteiro.
Ela ajeitou os óculos com as mãos trêmulas.
— Nome?
— Amanda e Lucca Mancini.
Elizabeth sentiu o coração parar por um instante. As palavras ficaram suspensas no ar como um segredo descoberto.
Ela fechou o livro com um estalo surdo. Levantou-se com lentidão, como se cada passo fosse um mergulho no passado.
Amanda estava imóvel diante do portão. O céu nublado, o vento morno carregando o cheiro das flores. Ela apertava