Na manhã seguinte, o sol mal passava pelas vidraças espelhadas da Construtora Mancini.
Leonel surgiu no saguão com a mesma postura de sempre: terno alinhado, sorriso fácil, passos firmes. Mas havia algo nos olhos. Uma rigidez nas pálpebras, um leve ranger de mandíbula. Ele estava diferente. Como quem sente que o chão está prestes a ceder.
E estava.
Amanda o encontrou no corredor do oitavo andar. Estava sozinha, com uma pasta fina nas mãos e a calma precisa de quem sabe mais do que mostra.
— Leonel — ela disse, sorrindo. — Precisamos da sua ajuda numa apresentação confidencial hoje à tarde. Você pode?
Leonel sustentou o olhar, tentando manter o papel.
— Claro, Amanda. Qualquer coisa que precisar.
Ela assentiu com gentileza. Mas então se virou, como se já estivesse indo embora, e lançou por cima do ombro:
— Só não esquece seu pen drive de novo.
O sorriso de Leonel rachou. Por um segundo — um único segundo — o sangue fugiu de seu rosto.
Amanda notou. E continuou andando. Sem olhar para t