O silêncio da noite era denso, quase sufocante. As cigarras gritavam ao longe, e o cheiro de fumaça de cigarro misturava-se ao suor seco do calor abafado na casa de fazenda isolada na fronteira entre Brasil e Uruguai.
Mauro Antunes apagou a ponta incandescente do cigarro com um estalo nervoso no cinzeiro de vidro rachado. Na tela do notebook, as manchetes se acumulavam como socos no estômago.
"Leonel Andrade pede afastamento repentino."
"Investigação interna na Construtora Mancini liga ex-diretor a tentativa de sabotagem."
"Amanda Costa Mancini e Lucca Mancini reforçam segurança jurídica e financeira."
Os olhos de Mauro estavam vermelhos, injetados de raiva. A mandíbula travada. Os dedos tamborilavam com agressividade na mesa de madeira maciça, cada batida mais tensa que a anterior.
— Estão me cercando… — murmurou com desprezo. — A vadia é mais esperta do que eu imaginei.
Do outro lado da sala, encostado na parede com os braços cruzados e expressão impassível, estava um homem grande,