Capítulo 16
Mariana
Eu não sei exatamente quando aquela sensação mudou.
Talvez tenha sido no instante em que meus olhos cruzaram os dele de novo naquela manhã. Ou quando ele se afastou, sutil, mas firme, como quem ergue uma parede invisível entre dois mundos que não podem se tocar. O mundo dele. O meu.
Henrique não me evitava, ao contrário, ele estava lá. Nas conversas, nas aulas, nas respostas gentis. Mas havia algo diferente. Algo contido. Como se ele agora pesasse cada palavra, cada gesto. Como se o ar entre nós tivesse se tornado denso demais para respirar com leveza.
A semana passou devagar. Nos corredores, trocávamos sorrisos que não chegavam aos olhos. Na sala, nossas conversas se limitavam ao conteúdo das aulas, mesmo quando eu tentava desviar para qualquer outro assunto. Henrique me devolvia ao foco com um tom educado, mas frio. Quase impessoal.
E isso doía. Mais do que qualquer ausência.
Eu sabia o que estava acontecendo. Sabia porque eu também sentia — o que nascia entre nó