Capítulo 15
Mariana
Caminhei pelos corredores com passos lentos, os ombros curvados sob o peso de tudo o que eu sentia. Não tinha dormido. Como poderia? Passei a noite inteira entre lágrimas abafadas no travesseiro e pensamentos que rodavam a cabeça como vultos, como fantasmas do que não consigo esquecer.
O amanhecer não trouxe alívio. Foi só mais uma forma de tortura.
Mas voltei. Voltei porque fugir não adianta. Porque o passado sempre encontra uma forma de nos alcançar, não importa o quanto a gente tente se esconder atrás de cortinas ou sorrisos.
O primeiro olhar foi inevitável.
Henrique estava no mesmo lugar de sempre, perto da janela, caderno aberto, enquanto esperava todos os alunos chegarem para começar a ministrar sua aula, mas o olhar longe. Quando entrei, ele levantou o rosto como se tivesse sentido minha presença antes mesmo de me ver. Nossos olhos se encontraram. E por um segundo, tudo parou. O som da sala, as vozes, até minha respiração.
Eu desviei primeiro.
Mas aquel