Epílogo
Mariana
O dia começava com barulho, como sempre. Risadas, passos desajeitados, brinquedos sendo arrastados pela casa e dois pares de pés descalços correndo de um lado para o outro como se o mundo estivesse em chamas — ou prestes a virar uma aventura épica.
— Mãe, ele pegou meu dinossauro!
— Mãe, ela começou primeiro!
Suspirei com a xícara de café na mão, encostada na bancada da cozinha, vendo a cena se desenrolar como uma peça que eu já sabia de cor. Mesmo assim, ainda era meu espetáculo favorito. A familiaridade da rotina me aquecia mais do que a bebida quente entre os dedos.
Henrique apareceu com o avental sujo de farinha e dois pães de queijo recém-saídos do forno, o cheiro se espalhando pela cozinha como um abraço.
— Tentei negociar uma trégua, mas falhei — disse ele, entregando os lanches para os gêmeos, que logo esqueceram a briga. Com comida envolvida, tudo ficava mais fácil.
— Você é melhor em análise literária do que em tratados de paz — brinquei.
— Culpa sua. Fui me