Capítulo 17
Mariana
Acordei com a luz filtrando pelas cortinas, tingindo meu quarto com um tom suave de laranja. Pela primeira vez em dias, não senti aquela pressão no peito logo ao abrir os olhos. Era sutil, como se o mundo estivesse me concedendo uma trégua. Talvez fosse só cansaço. Ou talvez… fosse vontade. Vontade de tentar.
Não estou dizendo que passou. A dor, o vazio, os pensamentos que giram em círculos dentro da minha cabeça como um disco quebrado — tudo ainda está aqui. Mas hoje… hoje parece suportável.
Levantei devagar, como quem tem medo de assustar o próprio equilíbrio. O chão frio sob meus pés me lembrou que o mundo ainda era real, concreto. Fiz café, vesti uma roupa qualquer e me olhei no espelho. O reflexo ainda era o mesmo, mas meus olhos estavam menos opacos. Ainda cheios de dúvidas, mas talvez, só talvez, com uma pequena faísca de esperança.
Cheguei cedo na faculdade. Sentei no banco do pátio e fiquei observando as pessoas passarem. Eu gosto de observar. Sempre goste