Selene Castiel
O relógio marca sete e quarenta da manhã quando piso no mármore gelado do corredor. Meus saltos estalam como tiros contidos. No espelho da parede lateral, a mulher refletida não tem dúvida alguma: rímel à prova de guerra, batom cor de sangue seco, e o mesmo blazer preto que já arruinou reputações com um aceno. O cabelo ruivo preso num coque alto. A pulseira de diamantes no pulso direito. Presente do meu pai? Não. Recompensa pela última fusão bem-sucedida.
Caius já está à mesa do café, camisa branca dobrada nos cotovelos, lendo relatórios como quem lê cartas de tarô. O homem tem postura. Isso eu admito. Mas não me impressiona. Só deixa o campo de batalha mais interessante.
— Dormiu bem? — pergunto, só pra cumprir o protocolo de guerra fria que estabelecemos desde o casamento.
— Melhor do que esperava. — Ele responde sem levantar os olhos do papel. — A cama do quarto de hóspedes é firme. Direta. Quase honesta.
— Que bom que combina com você. — tomo um gole do meu café sem