POV Caius Varella
A luz do corredor já não me cegava como antes.
Era só um silêncio estranho, pesado, quase confortável.
Talvez fosse o alívio. Talvez fosse o cansaço. Talvez fosse… a paz depois da tempestade.
Eu estava sentado, os cotovelos nos joelhos, a cabeça baixa, quando ouvi passos lentos.
Olhei de canto. Vicente Castiel.
Ele andava devagar. Não como um homem velho, mas como um homem que carrega o mundo nas costas.
Se aproximou. Parou ao meu lado.
Ficou em silêncio por um tempo. E eu deixei.
— Eu quase perdi ela duas vezes nessa vida, Caius. — a voz dele saiu baixa, grave, como se ecoasse de dentro de um baú trancado. — Uma, quando enterrei a mãe dela. E agora…
— Eu sei. — murmurei. — E isso nunca vai se repetir.
Ele me encarou, como se quisesse acreditar. E acredito que acreditou.
— Ela está viva por causa de você. — disse, por fim.
Respirei fundo. Tive que encarar o chão pra não desmoronar.
— Eu falhei. Eu devia ter protegido ela antes.
— Você protegeu. Quando mais importava.