VITTORIO NARRANDO
O quarto ainda estava envolto em penumbra quando me levantei. O lençol caía sobre o corpo dela como uma moldura proibida, e por um instante, mesmo contra a minha natureza, eu hesitei. Mavi dormia de um jeito sereno que eu não via em ninguém nesse mundo podre que eu comandava. Respiração leve, expressão solta… e eu sabia que, se ficasse mais um minuto, não sairia daquela cama.
Mas eu tinha que sair. O mundo da máfia não para por causa de um corpo quente nos meus braços.
Me vesti rápido, ajeitei a gravata com o reflexo frio do espelho e, antes de cruzar a porta, olhei de novo para ela. A posse que queimava dentro de mim era perigosa perigosa demais. Eu sempre tive mulheres, todas me pertenciam por um momento. Mas com Mavi era diferente. Não queria que fosse um momento. Queria que fosse definitivo. E esse pensamento me deixou ainda mais irritado.
Desci para o andar inferior, e como de costume, Enzo,
já estava à espera com o carro ligado.
— Dormiu? — ele pergunto