VITTORIO NARRANDO
CONTINUAÇÃO..
O voo noturno cortava o céu como uma lâmina silenciosa. A cabine privada estava envolta em escuridão e perfume caro, e o único som era o zumbido constante dos motores. Eu observava o horizonte pela pequena janela oval, mas meus pensamentos não estavam na paisagem abaixo. Estavam em cada detalhe que precisava ser resolvido nos próximos quinze dias. Quinze dias em que o mundo podia girar sem que eu estivesse no controle absoluto. Não podia permitir falhas. Não em meus negócios, não com meus aliados e, certamente, não com minha família – ou com quem eu considerava minha propriedade.
O destino era Genebra. A fachada perfeita: uma empresa de importação e exportação de máquinas industriais. Mas por trás das planilhas e contratos, cada decisão influenciava fluxos que eu havia arquitetado há anos. As leis lá eram rígidas, mas eu sempre havia aprendido a jogar o jogo da aparência com precisão cirúrgica. Cada detalhe precisava parecer legítimo, cada documento,