MAVI NARRANDO O cheiro de hospital sempre me deixou enjoada, mas naquele dia era diferente. Eu estava suando frio, a respiração curta, os olhos marejados e a dor… Meu Deus, a dor era tanta que parecia me rasgar por dentro. — Força, amor. Eu tô aqui…, a voz dele sussurrava no meu ouvido, quente e trêmula. Heitor segurava minha mão com firmeza, ajoelhado ao lado da maca, os olhos úmidos de emoção. Eu podia jurar que ele também estava sofrendo comigo. A mão dele acariciava meus cabelos grudados de suor, e os beijos que ele deixava na minha testa pareciam sinceros. — Você tá indo bem, Mavi, tão bem… só mais um pouco, tá? Eu gritei de novo, o corpo arqueando com a contração. As enfermeiras se apressavam, o médico pedia mais força. Estavam quase lá. Eu só pensava nas minhas meninas. Nas minhas filhas. As duas pequenas vidas que carreguei por quase nove meses, com medo, esperança, amor. — Elas vão ser lindas, Mavi… iguais a você — ele disse, a voz embargada, e aquilo me deu forç
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