MAVI NARRANDO
Vestido de noiva. Nunca imaginei que essa imagem voltaria a me assombrar, e muito menos que me encararia de volta com tanta frieza.
O reflexo no espelho era quase uma miragem. Eu ali, vestida de branco, num tecido caro demais pra minha história, com o cabelo preso num coque que não combinava comigo. As mãos repousavam sobre a barriga com leveza ensaiada, mas o coração batia pesado, como se gritasse por dentro: isso não é real.
Mas era. Era o casamento que eu nunca sonhei. O nome do homem no altar era um que eu nunca pedi pra carregar. E mesmo assim, ali estava eu.
Disseram que era necessário. Um acordo. Um símbolo. Uma estratégia. Um casamento forjado à força para responder à pressão de alianças da máfia. Porque o “chefe” precisava de uma esposa. E eu era conveniente.
Conveniente.
Sorri para o espelho como quem testa uma máscara nova. Só que aquela não encaixava. Por dentro, era tudo tensão, medo e uma dor nova, diferente de todas as outras que já me atravessaram.
As me