CAPÍTULO 15

VITTORIO NARRANDO

O cheiro do couro italiano ainda pairava no ar quando fechei a porta do escritório. A madeira maciça abafava os sons lá de fora, e naquele momento, o silêncio era minha única companhia.

Silêncio e expectativa.

A pasta com os documentos do casamento já estava sobre a mesa. Tinha o peso de uma sentença. Mas diferente do que muitos pensariam, não era ela quem estava sendo condenada. Era eu. Ou talvez os dois.

A cada passo que eu dava rumo a esse destino, sabia que deixava algo para trás. Mas o que se abandona quando já se perdeu tudo?

Encostei no encosto da cadeira de couro, os olhos presos no decanter de uísque que repousava na prateleira à frente. Eu não bebia naquele horário. Não sem motivo. Mas aquele casamento… esse acordo… era motivo suficiente.

O nome dela assinado na linha pontilhada me causava mais inquietação do que qualquer ameaça vinda de família rival.

Eu não entendia completamente o que ela provocava em mim. Não era amor, não era desejo bruto. Era mais pa
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