MAVI NARRANDO
O sol já havia se posto quando eu fiquei de pé diante do closet. Era imenso. Um templo de tecidos finos, saltos caros, perfumes de nomes que eu não sabia pronunciar e joias que pareciam gritar poder em cada brilho.
Todas aquelas roupas não eram minhas. Ainda.
Mas agora carregava o sobrenome Morelli. E se o mundo ao meu redor havia decidido me empurrar para esse papel, então eu o assumiria. Por mim. Pelas meninas. E porque eu estava cansada de ser vista como a mulher que abaixa os olhos.
Escolhi um vestido preto, justo, de cetim pesado, com decote sóbrio e mangas longas. Um cinto dourado na cintura marcava minha presença como uma assinatura. Salto fino. Alto. Digno. Um par de brincos discretos, mas caros, e o cabelo preso num coque impecável.
Me olhei no espelho e reconheci algo que há muito tempo não via: presença.
Não era sobre beleza. Era sobre comando.
Ajeitei os ombros e desci as escadas como quem atravessa o campo de guerra sabendo exatamente onde pisar.
O primeiro