VITTORIO NARRANDO
As paredes do salão da mansão Trevisani pareciam sempre apertar quando havia reunião de cúpula. Era como se cada olhar ali dentro carregasse mais veneno que qualquer arma engatilhada. Mafiosos de sobrenomes pesados, gravatas caras, mãos manchadas de sangue e fortuna. Cada um sorria como se estivéssemos num jantar de gala. Mas ali não havia celebração. Havia cobrança.
E hoje… a cobrança era sobre mim.
Me acomodei na poltrona de couro escuro, com o copo de bourbon entre os dedos e um silêncio medido no olhar. Sabia o que viriam dizer. O burburinho da ausência de um casamento oficial vinha crescendo há meses. E embora ninguém ousasse me desafiar diretamente, todos queriam a mesma coisa: controle.
União familiar para selar acordos.
Casamento para fortalecer o império.
Lealdade para garantir que ninguém fugiria das mãos deles.
Valéria foi a última a entrar. Vestido bordado, salto alto, olhos que não escondiam a vaidade. Caminhou até o centro da sala com o ar de quem já s