MAVI NARRANDO
A mansão era mais silenciosa do que eu esperava.
A van me deixou na entrada sem cerimônia, e quando os portões se fecharam atrás de mim, senti o ar mudar. Pesado. Frio. Como se carregasse um tipo de segredo que morava nas paredes e observava cada passo.
Fui conduzida por uma empregada até uma ala mais reservada. Os corredores longos, os quadros antigos, o piso de mármore… nada parecia real. Mas nada me marcou tanto quanto o som abafado de risadas infantis vindo de um dos cômodos.
Meu coração travou.
— São as meninas — disse a mulher de cabelos presos, sem se apresentar. — É com elas que você vai trabalhar. Nada mais. Nada menos.
Assenti em silêncio, tentando manter o rosto neutro.
Mas quando entrei no quarto e vi as duas menininhas brincando no tapete, senti meu mundo vacilar.
Elas tinham olhos escuros e vivos. Cachos leves nas pontas do cabelo. Uma tinha o olhar mais atento, desconfiado. A outra era mais risonha, mais dada ao toque.
Me abaixei devagar, com receio de as