Na segunda-feira, Mila acordou antes do sol nascer.
Abriu a janela do quarto e ficou alguns instantes olhando o céu, que clareava devagar.
Era bonito perceber como os dias, mesmo iguais, nunca se repetiam de verdade.
Sentiu o cheiro do café vindo da cozinha.
Blerim, como sempre, já estava em movimento.
Quando entrou, encontrou-o encostado na bancada, mexendo o celular.
Ele ergueu o rosto e sorriu daquele jeito tranquilo que sempre fazia tudo se encaixar.
— Bom dia, escritora.
— Bom dia. — Ela passou os braços pela cintura dele. — Você sempre acorda antes de mim?
— Sempre. — Ele riu, encostando o queixo na cabeça dela. — É uma mania difícil de perder.
— Ainda bem.
Ele levantou a mão e mostrou a tela do celular.
— Valdete mandou mensagem. Quer saber se a gente vai aparecer na quermesse da vila no sábado.
— Quermesse?
— Comida, música, vizinhos curiosos… — Ele fez uma careta divertida. — Acho que chegou a hora de assumirmos que você mora mesmo aqui.
— E você também.
— É. — Ele deu de omb