Na manhã seguinte, Mila acordou com o som dos pássaros no telhado e o cheiro fresco que anunciava um dia de céu limpo.
Blerim já tinha saído — deixara um bilhete sobre a mesa, com a caligrafia torta que ela começava a reconhecer de longe:
"Hoje o trabalho me chama. Mas volto antes do sol se pôr. E sim, trarei vinho."
Assinado: O restaurador de janelas, móveis… e corações.
Ela riu sozinha, dobrando o bilhete e guardando dentro do caderno.
Toto, deitado perto da porta, levantou a cabeça como se soubesse que o dia seria diferente.
— Vamos trabalhar, diplomata?
Ele se espreguiçou, ronronando em forma de cachorro.
A casa estava silenciosa.
Na escrivaninha, o notebook já esperava.
Ela fez café, pegou o caderno com as anotações e sentou-se diante da tela com uma tranquilidade nova: a de quem tem o que dizer.
Abriu um novo arquivo e escreveu, em letras grandes:
ALBÂNIA, VISTA DE DENTRO
Abaixo, começou a digitar sem parar:
"A Albânia não começa em Tirana nem termina nas montanhas. Ela acontece