O dia amanheceu sem pressa.
Mila abriu os olhos antes do sol chegar de verdade e ficou alguns segundos deitada, sentindo o calor do corpo de Blerim ao lado.
Ele dormia profundamente, com uma das mãos repousando sobre a barriga dela como quem tinha decidido não largar mais.
Ela virou o rosto devagar, observando o contorno tranquilo do rosto dele.
Era um retrato que queria guardar pra sempre: o homem que aparecera na sua vida sem pedir licença e, aos poucos, transformara tudo.
Com cuidado, soltou-se devagar, só o bastante pra alcançar o caderno que deixara na mesinha.
Não queria acordá-lo.
Mas precisava escrever enquanto aquela sensação ainda morava no peito.
Sentou-se encostada no travesseiro, puxou a caneta e começou:
"O que ninguém me contou sobre recomeçar é que o medo não some de repente. Ele só aprende a ficar em silêncio, do lado de dentro. Mas, em alguns dias, o amor fala mais alto. O amor que se constrói devagar, como uma casa pequena, pedra sobre pedra."
Fechou os olhos, respi