Na manhã seguinte, Mila acordou antes mesmo do despertador tocar.
Ainda estava escuro, mas ela não quis esperar.
Levantou, puxou o cobertor pelos ombros e foi até a sala, só pra olhar a parede nova.
Sorriu sozinha.
A tinta não estava perfeita — algumas manchas mais escuras apareciam onde ela tinha passado o rolo com força demais.
Mas era linda, porque era dela.
Porque era o primeiro canto da casa que não parecia só herdado.
Parecia escolhido.
E naquele instante, entendeu que talvez fosse assim que se recomeça: um metro quadrado de cada vez.
Na cozinha, o cheiro de café começou a preencher o ar.
Mila apoiou as mãos no balcão, respirando fundo.
Era estranhamente bom sentir o corpo doer de um trabalho físico.
As coxas doíam das subidas na escada pra alcançar o canto mais alto.
Os braços doíam de tanto mexer o rolo.
Mas o peito estava leve.
Preparou uma bandeja simples — duas canecas, o restinho de pão fresco do dia anterior, uma tigela com manteiga e um potinho de geleia.
Blerim tinha pr