A manhã chegou com o som dos pássaros se misturando ao barulho da chaleira.
Mila acordou mais leve.
Desde o passeio ao mirante, parecia que o corpo carregava menos urgência.
Ainda havia dúvidas, cartas não lidas, e o trabalho remoto que começaria logo — mas tudo isso estava em pausa, como se finalmente aprendesse a respirar entre uma escolha e outra.
Arrumou o pátio com gestos lentos.
Regou as plantas, trocou os vasos de lugar, abriu os panos que cobriam os brotos novos.
O sol batia nos ombros dela como um abraço.
Quando terminou, sentou-se com uma xícara de chá e abriu o laptop.
Respondeu alguns e-mails, leu atualizações do projeto remoto e fez anotações num caderno.
Trabalhar ali — com os pés quase tocando a terra, o lago ao fundo e os canteiros crescendo à vista — fazia com que tudo parecesse mais… possível.
Por volta das dez, ouviu passos no corredor.
Virou-se, e Blerim estava ali, parado na soleira, com aquele sorriso tímido que ainda a deixava sem ar.
— Você esqueceu isso no car