O céu estava carregado naquela manhã, nuvens pesadas encobrindo o sol. A cidade parecia respirar junto com a tensão que pairava na cobertura. Rose folheava relatórios de segurança sobre possíveis ameaças enquanto caminhava pelo salão, a postura impecável como sempre.
Pedro estava sentado na poltrona, uma xícara de café à mão e o olhar fixo nela. Havia algo diferente em sua expressão: menos ironia, mais insistência.
— Você sempre me chama assim… — disse ele de repente, quebrando o silêncio.
Rose ergueu os olhos, sem entender.
— Assim como?
— “Nascer.” — Ele inclinou o corpo para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos. — Quando quer me cutucar, me lembrar de quem eu sou, do peso que carrego… você me chama de Nascer.
Ela franziu a testa, tentando negar, mas as lembranças vieram rápido: várias vezes já havia usado o sobrenome dele, especialmente quando queria impor distância, quando precisava se proteger.
— É o seu nome — respondeu, seca, voltando os olhos para a pasta. — Não vejo prob