O salão já estava em seu auge.
Cristais brilhavam, taças se erguiam, e os jornalistas se espalhavam em pequenos grupos, farejando fofoca como lobos atrás de sangue novo.
Pedro, por outro lado, já não ouvia nada.
Desde o beijo “acidental” de Lívia, o gosto da noite azedara na boca.
Rose mantinha-se a poucos passos dele, a postura impecável, mas o olhar distante — como se vigiasse o salão para não precisar olhar para dentro de si.
Ela era puro aço, mas Pedro a conhecia o suficiente pra saber quando o fogo ardia por baixo.
Lívia, como sempre, não se contentava em sumir discretamente.
A cada volta pelo salão, fazia questão de ser vista.
Era o tipo de mulher que vivia de plateia — e agora, a plateia estava faminta.
Ela se aproximou do casal com o mesmo sorriso de sempre: doce por fora, venenoso por dentro.
— Posso atrapalhar um segundo? — perguntou, fingindo gentileza.
Pedro respirou fundo. — Depende do motivo.
— Motivo? — ela sorriu. — Apenas uma conversa inocente… entre velhos conhecidos