A noite descia devagar sobre São Paulo.
Do alto da sacada, Rose observava o horizonte se apagar, as luzes da cidade piscando feito um exército de olhos vigilantes.
O ar estava pesado, úmido, e o silêncio da mansão tinha um gosto que ela conhecia bem — o de presságio.
Lá embaixo, Pedro falava ao telefone com o pai, andando de um lado para o outro pelo jardim.
Mesmo de longe, Rose via o maxilar tenso, a mão passando pelos cabelos, o esforço dele para manter o tom calmo.
“Homens de poder não podem demonstrar medo”, pensou, com um sorriso breve. “Ainda bem que eu posso.”
Desde a ligação de Henrique, o delegado, o mundo parecia suspenso.
Três dias de calmaria forçada.
Três dias em que o silêncio soava como o estalar de um pavio.
Pedro encerrou a chamada, subiu e encontrou-a na sacada.
— Meu pai quer reforçar a segurança para o evento da próxima semana — disse, tirando o paletó. — Você acha necessário?
— Acho. — Ela não desviou o olhar do céu. — Quando o ar fica pesado assim, é porque a tem