A madrugada dormia inquieta sobre a mansão.
Lá fora, a chuva caía em gotas finas, tamborilando contra o vidro das janelas. Dentro, o silêncio era denso, o tipo de silêncio que só vem depois de dias de tensão e noites mal dormidas.
Rose estava acordada.
Sentada à beira da cama no quarto de hóspedes, com a pistola desmontada sobre a mesinha, limpava as peças com precisão quase ritualística. O som metálico suave era seu modo de acalmar a mente. Ordem. Disciplina. Repetição. Tudo para afastar pensamentos que insistiam em girar em torno de Pedro Nascer.
Mas, então, algo quebrou o silêncio.
Um som abafado, vindo do andar de cima. Um grito.
— Bárbara!
A voz dele.
Desesperada, rasgada.
Rose congelou por um segundo, o tempo exato que levou para o instinto entrar em ação. Montou a pistola em segundos, atravessou o corredor e subiu as escadas descalça, o coração acelerado, os sentidos em alerta.
Quando chegou à porta do quarto de Pedro, o som era nítido: ele se debatia, preso em um pesadelo. A