O sol começava a invadir o quarto por entre as frestas das cortinas. A claridade morna beijava os lençóis amassados, e o silêncio da casa era tão espesso que dava pra ouvir o próprio respirar.
Rose despertou devagar, a mente ainda presa entre o sonho e a vigília. Por um instante, não soube onde estava. O colchão sob o corpo era macio demais, o cheiro no ar era outro — mistura de perfume amadeirado e café distante. Quando virou o rosto, a realidade a atingiu com força.
Pedro.
Dormia ao lado dela.
Ou melhor: ela estava praticamente sobre ele.
O braço dela repousava sobre o peito nu dele, a perna jogada sobre as coxas, como se o corpo tivesse decidido, por conta própria, que aquele era um abrigo. O coração de Rose disparou.
Pedro abriu os olhos quase no mesmo instante, despertando daquele tipo de sono leve que o trauma ensina a cultivar. Por um segundo, ficou imóvel. Depois percebeu o peso sobre o peito, a pele quente, o perfume de lavanda misturado ao suor leve dela.
Nenhum dos dois se