A madrugada mal havia terminado quando Rose abriu os olhos.
Não havia alarme, nem ruído. Apenas o instinto.
O mesmo instinto que a fazia acordar antes que o perigo batesse à porta — ou, como agora, antes que o coração voltasse a doer.
Sentou-se na cama, o corpo tenso, a mente girando em torno da imagem de Pedro desabando em seus braços.
Aquele olhar quebrado, o desespero engasgado nas palavras, o toque trêmulo pedindo consolo — tudo a perseguia como uma ferida ainda aberta.
Rose Almeida, a mulher que enfrentara tiros, emboscadas e traidores sem vacilar, agora tremia por causa de um homem que devia apenas proteger.
Levantou-se. A luz fria da madrugada atravessava as cortinas e desenhava sombras no chão.
Ela se aproximou da janela, braços cruzados, respirando fundo.
A cidade dormia, mas dentro dela nada descansava.
> “Você sempre aparece quando eu estou quebrado.”
As palavras dele voltaram como uma confissão que ela não deveria ter ouvido.
E pior: ela acreditava.
Rose fechou os olhos, s