A manhã começou abafada, o sol filtrando-se preguiçoso pelas cortinas da sala de estar da mansão. Rose caminhava de um lado ao outro, celular na mão, tratando de organizar a rotina de segurança para o dia. Havia um peso diferente no ar depois da noite anterior — o ataque na rua ainda ecoava em sua mente, mas ela não deixaria isso transparecer.
Pedro surgiu das escadas, impecável em um terno cinza claro. O cabelo penteado com precisão não escondia o olhar carregado de insônia. Ele a observou em silêncio por alguns segundos, como se ainda sentisse a cena de vê-la sangrar.
— Você não descansou. — ele comentou, a voz baixa.
Rose não levantou os olhos do celular. — Nem você.
O clima estava prestes a desabar em outra discussão quando o toque do interfone interrompeu. O segurança anunciou:
— Senhorita Rose, o delegado Henrique está na entrada.
O corpo dela congelou por um instante. Henrique. O nome soou como um eco de outro tempo.
Pedro franziu a testa. — Quem?
Rose guardou o celular no bols