Os dias começaram a passar devagar, com aquele tipo de calma que, em vez de consolar, inquieta.
Rose percebia: Pedro estava diferente.
Não de um jeito brusco, mas o suficiente para o instinto dela acordar.
Ele falava menos.
Às vezes, parecia olhar pra ela e estar longe.
Desligava o telefone quando ela entrava no quarto, ou dizia um seco “depois te explico” — e não explicava.
Na primeira vez, ela ignorou.
Na segunda, fingiu que não doeu.
Na terceira, o coração já gritava em silêncio.
— Tudo bem, Pedro? — perguntou uma manhã, ao vê-lo fechar o laptop rápido demais.
Ele forçou um sorriso. — Tudo, amor. Só umas pendências com o pessoal da empresa.
Mas a voz dele estava tensa demais pra ser trabalho.
Rose assentiu, sem insistir.
Aprendera a respeitar espaço — mas não a confiar em silêncio.
Naquela noite, ele disse que precisava sair com Carlos “pra resolver um assunto pessoal”.
Rose arqueou a sobrancelha. — E eu não posso saber qual?
— Depois. — respondeu, beijando-lhe a testa. — Prometo q