Dizer que eu não dormi naquela noite seria eufemismo. Passei horas deitada, encarando o teto como se fosse um quadro interativo projetando todos os meus erros de decisão em HD. Minha cabeça insistia em relembrar cada detalhe da conversa com Enzo, cada vez que ele me olhou como se pudesse arrancar a verdade à força, cada vez que eu desviei os olhos porque… bom, porque eu não podia.
Eu sabia que não podia contar. Não ainda. Talvez nunca.
Santino não merecia ser engolido por um mundo que eu mesma mal entendia. Não merecia crescer sob as sombras e cargas que rondavam o sobrenome Bellini. E, se eu aprendia alguma coisa toda vez que Chiara desfilava seu sorriso afiado, era que segredos tinham que ser protegidos como se fossem cofres de banco.
Sim, eu estava mentindo para ele. Mas também estava protegendo meu filho.
Essa era a desculpa que eu repetia em looping para não desmoronar.
No escritório, no dia seguinte, o clima parecia outro. Não exatamente porque algo tinha mudado no ambiente, mas