Enzo sempre teve o dom de transformar qualquer espaço em território dele. Uma sala de reunião, um corredor cheio de gente, até o elevador com cheiro de desinfetante barato. Ele entrava e o ar mudava de densidade, como se todo mundo, instintivamente, se ajustasse para não atrapalhar.
Todo mundo menos eu. Eu, aparentemente, nasci com a incrível capacidade de ocupar exatamente o espaço que deveria evitar.
Naquele dia, meu objetivo era simples — simples no papel, claro:
1.Fingir normalidade.
2.Manter Santino fora do radar.
3.Sobreviver sem precisar de uma temporada inteira de terapia intensiva.
Três metas realistas e absolutamente impossíveis de cumprir quando Enzo decidiu aparecer na minha porta.
Ele não bateu. Não anunciou. Apenas… estava lá. Encostado no batente, blazer aberto, gravata solta como se fosse um detalhe de rebeldia calculada, e os olhos escuros presos em mim. Eu sozinha. Vanessa tinha saído para atender uma ligação, provavelmente negociando com o universo para que minha vid