Não consegui dormir naquela noite. A carta ficou sobre a minha mesa, como se me encarasse o tempo inteiro, sussurrando promessas e ameaças que ecoavam em meus pensamentos. Li e reli aquela única frase mais de vinte vezes, buscando algum detalhe, alguma pista. Nada. Nenhum remetente. Nenhum símbolo. Apenas palavras frias, diretas, cortantes como navalha:
"PARE DE PROCURAR. ALGUMAS VERDADES DEVEM FICAR ENTERRADAS."
O medo me rondava como um vulto. Pela primeira vez, percebi que talvez eu estivesse lidando com algo muito maior do que imaginava. Não era só um pai desaparecido. Era um segredo. Um silêncio imposto por alguém com poder suficiente para me ameaçar mesmo antes de saber que eu existia.
Na manhã seguinte, tentei manter a rotina. Mas meus olhos estavam fundos, a mente distante. Helena percebeu logo de cara.
— Você está pálido — disse, colocando a mão em minha testa. — Parece que viu um fantasma.
— Talvez eu tenha visto — murmurei, tentando sorrir.
Mostrei a carta. Ela leu em