O trovão rugiu mais uma vez quando a figura encapuzada cruzou a soleira da porta. A luz trêmula da lanterna mal revelava seu rosto, mas o suficiente para que Samuel visse um par de olhos escuros, fixos nele como se o conhecessem profundamente.
Teresa se colocou à frente, protetora.
— Não dê mais um passo — disse ela, sua voz baixa, mas carregada de autoridade.
O homem ergueu uma das mãos em sinal de paz. Os dedos eram longos, marcados pelo tempo e por algo mais sombrio — cicatrizes, talvez? Havia algo nele que fazia o ar da cabana parecer mais pesado, como se sua simples presença invocasse memórias antigas e perigosas.
— Não vim machucá-los — disse ele, com voz serena. — Mas a verdade não pode mais ser adiada.
Samuel, ainda segurando a carta, deu um passo à frente, vencendo o medo que o prendia.
— Quem é você?
O homem hesitou. Tirou o capuz com um movimento lento. Seu rosto era pálido, os cabelos grisalhos nas têmporas contrastando com os olhos escuros. Uma cicatriz cortava a s