A manhã estava azulada, como se o céu tivesse sido lavado durante a noite.
Madeleine caminhava com passos lentos pela trilha até o mercado, sentindo o cascalho úmido sob as solas grossas das botas. A neve tinha dado trégua há dois dias, e isso deixava a vila com uma aparência quase viva — telhados pingando, arbustos à mostra, o silêncio trocado por pequenos sons: crianças correndo ao longe, o sino de uma bicicleta, alguém empilhando lenha.
O mercado local era pequeno, mais um depósito com alma do que uma loja de verdade. Duas fileiras de prateleiras, caixas de madeira, potes de vidro com tampas desalinhadas. E sempre, no fundo, a mesma senhora sentada atrás do balcão, costurando em silêncio com os óculos escorregando pelo nariz.
— God morgen — ela disse, com o sorriso sempre gentil, ao ver Madeleine.
— Bom dia — respondeu, em norueguês tímido, mas funcional.
Madeleine escolheu o que precisava com cuidado. Um pouco de queijo escuro, chá de camomila, um punhado de damascos secos e, por