A manhã chegou com um vento fino e cortante, daqueles que vinham do fiorde como um sussurro gelado. Madeleine acordou antes do despertador, prendeu o cabelo num coque apressado e vestiu as camadas de lã já deixadas à mão na noite anterior. Estava ficando boa nisso: antever o frio, mapear as variações do clima e o próprio humor conforme a luz — ou a ausência dela.
A manhã foi passada na obra, com Clara e dois engenheiros analisando o sistema de drenagem das áreas externas. A neve acumulava em pontos inesperados, e precisavam encontrar soluções que respeitassem tanto a sustentabilidade do projeto quanto o bom senso estrutural. Madeleine propôs uma inclinação sutil nas passagens, quase imperceptível, para permitir o escoamento natural sem comprometer a estética.
— Às vezes a solução mais simples é a que a natureza já sugeriu — disse, apontando para o modo como a neve escorria naturalmente por uma das rampas laterais.
Clara assentiu com um sorriso.
— Você anda ouvindo mais a paisagem do q