A manhã começou cinzenta, mas sem neve — um alívio silencioso depois de dias de brancura intensa. Madeleine aproveitou para revisar algumas plantas do projeto na mesa da sala. Estava imersa em anotações sobre a captação de energia geotérmica quando Clara ligou.
— Oi, pode falar. — atendeu, ainda com o lápis entre os dedos.
— Posso. Mas talvez você vá querer desligar depois que eu disser o motivo da ligação — respondeu Clara, com uma risada nervosa.
Madeleine apoiou o queixo na mão, desconfiada.
— Diga logo.
— Uma repórter da Nordlys Habitat entrou em contato. Revista grande de arquitetura sustentável. Parece que ouviu falar do hotel. Alguém mencionou seu nome num painel em Oslo. E agora... bem, ela quer vir conhecer você e a obra do hotel.
Silêncio.
— Madeleine?
— Eu ouvi — disse, depois de um suspiro. — Mas por quê? Tem tão pouca coisa pronta.
— É justamente por isso. Ela se interessa pelos processos, não só pelos resultados. E quer conversar com você. Sobre o projeto. Sobre sua traj