O café ficava escondido numa ruazinha lateral da vila, com janelas pequenas, móveis de madeira clara e o aroma doce de canela pairando no ar. Madeleine passou por ele tantas vezes sem notar. Talvez porque, até então, não tivesse realmente procurado um lugar assim — acolhedor, quieto, despretensioso.
Clara já estava lá, sentada perto da janela com duas canecas fumegantes na mesa.
— Pedi chocolate quente pra você — disse, sem rodeios. — Era isso ou chá de ervas, e achei que você merecia um pouco de doçura hoje.
Madeleine sorriu, tirando as luvas.
— Acertou.
Sentou-se e, por alguns instantes, ficaram só observando o movimento lá fora. A vila parecia envolta em algodão, com a neve cobrindo as calçadas e os telhados com uma delicadeza quase irreal.
— Sabe — começou Clara, girando a aliança no dedo —, às vezes penso que só vim pra Tromsø porque não sabia mais onde pertencia.
Madeleine ergueu os olhos, surpresa com a sinceridade.
— Achei que você estivesse aqui há anos.
Claro, meu amor! Aqui