O vento soprava baixo naquela manhã de terça, mas parecia mais cortante do que nos dias anteriores. Madeleine caminhava até o centro de reuniões da vila com as mãos nos bolsos e a cabeça cheia — não de dúvidas, mas de argumentos.
Clara havia mandado uma mensagem curta no dia anterior:
“Reunião decisiva amanhã. Eles querem cortes. Esteja pronta.”
Madeleine estava pronta. Ou ao menos tentando estar.
No salão comunitário que vinha sendo usado como centro logístico para o projeto do hotel, a mesa longa já estava ocupada. Clara, de blusa preta e rosto sério. Dois engenheiros locais. Uma representante dos investidores — Lisbeth, elegante, prática, direta. E um arquiteto contratado por um dos sócios estrangeiros, de nome Jonas, que falava mais com os olhos do que com a boca.
Madeleine se sentou ao lado de Clara, com sua pasta de projetos no colo e o caderno de anotações aberto sobre a mesa.
— Vamos direto ao ponto — começou Lisbeth. — Recebemos o relatório de custos e prazos, e precisamos aj