A neve tinha parado de cair, mas ainda pairava no ar uma brancura densa, como se o mundo estivesse envolto em um silêncio acolchoado. Madeleine atravessava as ruas centrais da vila com passos lentos, a câmera pendurada no pescoço, protegida sob o casaco, e os primeiros rolos que fotografara guardados em um envelope plástico dentro da bolsa.
A loja de revelação ficava numa esquina discreta, com uma vitrine cheia de fotos emolduradas e uma placa feita à mão, em norueguês e inglês:
"Luz e Sombra — revelamos o que o tempo não apaga."
Um sino tilintou quando ela empurrou a porta de vidro. Lá dentro, o calor era imediato, e o ar cheirava a químicos e madeira antiga. Um homem de barba branca e óculos pendendo no pescoço levantou o rosto de trás de um ampliador.
— Hei hei! — disse ele, sorrindo. — Você deve ser a inglesa fotógrafa do Erik.
Madeleine deu uma risada breve.
— Acho que "fotógrafa do Erik" é um exagero… mas ele me deu essa câmera e me incentivou a voltar a enxergar o mundo por ela