A segunda-feira amanheceu cinza, com uma neblina que fazia o fiorde desaparecer por trás da janela. Madeleine ficou alguns segundos ali, imóvel, observando o mundo embaçado como se ele fosse uma lembrança mal definida.
Ainda era cedo. Mas ela se sentia estranhamente acordada.
Vestiu-se devagar, prendeu o cabelo num coque frouxo e colocou o casaco grosso. A rotina voltava — obra, pranchetas, prazos — mas havia algo diferente no peito: não urgência, mas disposição. Uma leve vontade de pertencer.
No caminho até o canteiro, cruzou com Clara, que buzinou do carro com um sorriso.
— Café no contêiner dos engenheiros, como sempre! — gritou, acelerando em seguida.
Madeleine sorriu. Era bom ser esperada. Mesmo com simplicidade.
O canteiro de obras era um terreno vivo. Homens subiam andaimes, ferramentas soavam como uma sinfonia industrial, e a estrutura do hotel começava a revelar sua espinha dorsal.
Madeleine caminhava com pranchetas e anotações, conferindo pontos críticos: a inclinação do tel