Rogério
Eu estava a menos de três minutos do hospital. Três minutos. Só isso.
O suficiente para eu já estar pensando no que diria à equipe, nos exames, nos ajustes que faria antes da cirurgia. Meu foco estava lá até meu celular vibrar com o nome que, quando aparece, sempre mexe comigo.
Liz.
Atendi no primeiro toque.
— Liz? Amor, tá tudo bem?
Silêncio.
Mas não era um silêncio normal. Era pesado. Cortado. Um silêncio que parecia respirar.
Meu coração travou no peito.
— Liz? repeti, já tenso. Fala comigo, meu amor, o que aconteceu?
E então eu ouvi.
A respiração dela. Irregular. Ofegante. Assustada.
E do fundo da ligação… barulhos. Baques. Um rosnado que reconheci imediatamente.
O Tob.
Algo dentro de mim gelou.
— R-Rogério… ela finalmente conseguiu murmurar. A voz dela estava quebrada, trêmula… e eu nunca tinha ouvido a Liz daquele jeito. Nunca.
Eu perdi o ar.
— Liz, pelo amor de Deus, fala comigo! O que tá acontecendo?
E aí…
Os sons ficaram claros.
Um impacto.
Um móvel arrastando.
Um