Sofia
Eu desliguei o farol e deixei o carro engatado, silencioso na sombra da árvore. A casa do Rogério estava a poucos metros, e eu seguia observando a porta, contando mentalmente cada segundo desde que ele saiu.
— Ele foi mesmo murmurei, vendo o carro do Rogério dobrar a esquina.
Meu peito relaxou um pouco.
Agora só tem ela lá dentro.
Júnior ajeitou o capuz no banco do carona.
Ele parecia calmo, talvez até animado demais, como sempre ficava antes de fazer besteira.
— Você tem certeza? ele perguntou. — A mulher tá grávida… não vai dar trabalho.
Eu virei lentamente o rosto para ele, fria.
— Grávida ou não, ela é o problema. E problema a gente elimina antes que destrua tudo.
Ele ergueu as mãos, rendido.
— Tá bom, tá bom. Só tô confirmando.
O vento balançou as folhas acima do carro, fazendo a escuridão parecer ainda mais densa. Eu respirei fundo, apoiando as mãos no volante.
A minha parte era simples: dirigir.
A dele? Entrar, pegar a mulher, tirar de lá.
Sem erros.
— Entra pela porta