Andréia
O despertador tocou às 5h30, mas eu já estava acordada.
Virei na cama pela terceira vez e encarei o teto branco do quarto novo. O silêncio da casa ainda era estranho, como se tudo ali ainda estivesse me conhecendo. Na penumbra, só se ouvia o som leve da respiração do Henrique no quarto ao lado e o cantar tímido de algum galo distante.
Respirei fundo.
Meu primeiro dia no hospital.
Levantei devagar, tentando não fazer barulho. Vesti o roupão e caminhei até o banheiro. Me encarei no espelho por um longo tempo. Era estranho ver essa mulher ali, de pele mais madura, olhos firmes, mas carregando uma leve sombra de quem viveu demais em pouco tempo.
— Vai dar tudo certo… murmurei para mim mesma, mas a voz saiu mais como uma esperança do que uma certeza.
Na cozinha, o cheiro de café já tomava conta do ar. Marlene, como sempre, já estava de pé antes do sol.
— Bom dia, doutora! ela sorriu, colocando a caneca na mesa.
Sentei e peguei a xícara, tentando disfarçar o nervosismo nas mãos.