Andréia
Na faculdade, ninguém conhecia minha história. Ninguém sabia o que me trouxera até ali, o peso que carregava no peito, o filho que deixava todas as manhãs aos cuidados da mulher que me salvara.
Eu era apenas Andréia Monteiro, a aluna determinada que sempre chegava cedo, com os olhos atentos e cadernos organizados. Aquela que fazia perguntas inteligentes, que devorava livros e se voluntariava para os plantões, mesmo quando mal tinha dormido à noite por causa das cólicas do bebê.
Não era a mais rica, nem a mais bem vestida, mas chamava atenção por outro motivo: eu lutava todos os dias como se cada aula fosse a chance de salvar minha própria vida.
Meus colegas começaram a notar. Professores elogiavam minha dedicação, minha empatia durante os atendimentos simulados, minha calma durante as provas práticas. Sempre com um sorriso tímido no rosto e uma caneta na mão, eu dava o melhor de mim — por mim e por ele.
O filho que ninguém conhecia pelo nome. Que só existia em ligações rápida