Estela
O som dos monitores parecia mais baixo naquela manhã. Ou talvez fosse o meu coração que finalmente desacelerava, depois de dias vivendo no limite entre a vida e o fim.
Gui estava sentado ao meu lado, com os olhos cansados, mas o olhar atento. Sempre atento. Seu dedo entrelaçado ao meu, como se aquele toque fosse o único elo que ainda me mantinha aqui.
— A doutora disse que se continuar assim, amanhã você sai da UTI. ele disse com um sorriso pequeno, mas cheio de esperança. — E vai poder ver a Luiza de novo. Por mais tempo.
Assenti devagar, a voz ainda presa no nó da garganta.
— Ela ainda tá estável?
— Tá. Tá reagindo melhor que o esperado. ele respondeu com os olhos marejados. — Ela é igual a você… forte pra caramba.
Tentei sorrir, mas o rosto ainda doía.
Uma batida leve na porta interrompeu o silêncio.
— Com licença… disse uma voz que me fez prender o ar. — Eu posso entrar?
Gui se levantou depressa, o rosto surpreso.
— Dona Soraya…
Minha mãe.
Ela entrou devagar, com os olhos