Guilherme
Quando o carteiro deixou o envelope na portaria do prédio, eu mal pude acreditar. Era uma carta, daquela que eu pedi, que esperei com o coração na mão, como um garoto esperando o sinal da sua amada na janela. O envelope simples, o nome dela escrito à mão. Estela.
Minha mão tremia ao abrir. O papel tinha aquele cheiro característico, o toque leve e a caligrafia inconfundível dela. Imediatamente, minha mente voltou às férias da faculdade, quando encontrava bilhetes anônimos pendurados no portão da casa dos meus pais. Aqueles bilhetes, em letras delicadas, carregados de sentimentos não ditos. Seriam aqueles escritos por ela? Agora, diante daquela carta, eu podia comparar cada curva, cada detalhe da escrita e não restava dúvidas.
Ela era a autora. Sempre foi.
As palavras dela me perfuraram. A sinceridade crua, a mistura de dor e força, o medo e a esperança que eu também sentia. Estava tudo ali, naquelas linhas delicadas, naquele tom que só ela sabia usar: ao mesmo tempo doce e f