Guilherme

Desde o momento em que soube onde ela estava, algo dentro de mim se remexeu. Não era raiva. Não era culpa. Era um misto dos dois.

Quando bati naquela porta pela primeira vez, meu coração estava acelerado. Eu sabia que ela não ia facilitar. Estela nunca foi de fazer cena, ela fazia silêncio doer.

Quando ela abriu a porta e me viu, seus olhos endureceram. A raiva ali não era disfarçada. E eu merecia.

Mas o que eu não esperava... era ele.

Aquele cara ao lado dela. Bonitinho, arrumado demais, sorriso fácil. E ela… rindo. Como se estivesse leve. Como se eu nunca tivesse existido.

E então ela o beijou.

Ali, na minha frente.

Foi como um soco no estômago.

Minha visão escureceu. Minhas mãos cerraram. Eu queria quebrar alguma coisa. Gritar. Agarrá-la e exigir

que parasse.

Mas tudo que fiz foi ir embora.

Eu saí. Mas não fui embora de verdade.

Fiquei do lado de fora, andando em círculos, remoendo cada lembrança. A primeira vez que a vi sorrir para mim. As conversas rápidas.

Aquela noit