Guilherme
Já fazia um mês desde aquela noite que mudou tudo entre a Estela e eu. A vida na fazenda continuava, mas a saudade e a incerteza me consumiam. Eu ainda não sabia que ela tinha viajado para estudar na Colúmbia, em Nova York.
Foi o Luca quem me avisou, quase sem querer:
— Guilherme, só pra você saber, a Estela viajou. Vai passar uns meses fora, fora do país mesmo.
Fiquei quieto, sem saber o que pensar.
Naquela mesma semana, meu pai, Rodrigo, veio para Sacutínga, minha cidade natal. Ele aproveitou para visitar Maria Júlia e Luca na fazenda. Homem firme, com jeito direto, logo puxou papo.
— Achei umas cartinhas no meio das suas coisas, disse, me olhando com um sorriso meio provocador.
— Cartinhas? perguntei, desconfiado.
— É, coisa de criança, talvez
. Mas achei curioso.
— Pai, o senhor vai ficar por aqui por quanto tempo?
— Vou ficar só hoje, sua mãe me mata se eu dormir longe dela. Queria conhecer essa turma melhor — respondeu, sorrindo.
— Bacana.
Ele continuou:
— E você? Vai